Among Us e seu sucesso tardio
- Igor Almenara
- 17 de set. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 18 de set. de 2020
Impulsionados pelo isolamento social ou não, games com foco em diversão entre amigos ou estranhos alcançaram os holofotes e figuram como os jogos mais jogados no computador, console ou mobile. Não preciso mencionar Fall Guys e seu sucesso estrondoso, então pulo para meu atual queridinho: Among Us.
De proposta, visual e gameplay simples, Among Us já foi catalogado na Steam por preços baixíssimos — se é que já não foi disponibilizado gratuitamente. O game não se destaca pela sua página principal e deve ter caído no esquecimento de toda a comunidade Steam pouco depois que estreou (em novembro de 2018).
O game carece de cenas grandiosas, histórias e até interfaces bem trabalhadas, mas abre espaço para interações humanas e estabelece pouquíssimas — porém cruciais — regras para o jogo ser aproveitado ao seu máximo.

Apps de chamadas ao vivo, como Discord, amplificam a gameplay. Montar um servidor ou se reunir em chamadas privadas com os amigos, enquanto respeitam a regra de manter o silêncio enquanto fora das Emergency Meetings (ou, "Reuniões de emergência" em português) não tem preço. É o conhecido jogo de tabuleiro Detetive retrabalhado para o mundo digital, tirando proveito das ferramentas atuais e que se tornaram tão úteis enquanto nos distanciamos para manter a saúde mútua.
A experiência
É entrar, criar uma sala e torcer que os amigos consigam entrar. É uma experiência ainda limitada para os brasileiros, que ainda carecem de um servidor dedicado a menos de um continente ou oceanos de distância, mas não foi o suficiente para espantar streamers e criadores conteúdos tupiniquins. Em certos dias, foi difícil encontrar um dos grandes ícones da internet que não estivessem em transmissão com o Among Us.
O objetivo é simples e varia de acordo com a sua função no game. Enquanto tripulante (ou Crewmate, como é chamado no jogo), você deve cumprir tarefas na nave para finalizar a viagem. As tarefas são variadas em conceito, mas não são nada além de cliques ou simples memorização. Neste caso, alguns dos mini-games parecem ser bem mais elaborados do que outros: alguns deles são solucionados em um simples clique; outros pedem que você memorize quadrinhos que piscam, destrua asteroides ou passe seu ID pelo leitor de cartões (acredite, isso não é fácil quando se está perto de um potencial impostor).
Daí vem o impostor. Como ele, sua tarefa é igualmente simples: mate todos, mas não deixe que descubram e te eliminem da nave nas eventuais reuniões. Você deve ser sutil, fingir que cumpriu tarefas, observar, se passar de inocente e mentir nas reuniões acaloradas para alcançar seu objetivo. Deixar um único tripulante vivo te garante a vitória, mas essa nunca é uma missão fácil. Basta um segundo de azar para te pegarem no flagra entrando na ventilação — capacidade exclusiva do assassino —, ou decepando alguns dos colegas para ter sua missão fracassada enquanto votam sua ejeção da nave.
"Ande sozinho e morra repentinamente, sem deixar vestígio ou pistas, finalizando suas tarefas como um fantasma invisível"
São esses os momentos cruciais do game. As reuniões são chamadas pelo botão central ou pela denúncia de corpos. Nos dois casos, todos os participantes se reúnem automaticamente ao redor do botão e são incentivados a discutir a inocência ou culpa de alguns dos integrantes do grupo. É um momento tenso, recheado de discussões e vozes desconfiadas. Os participantes devem votar em alguém para eliminar da nave — apostando que sua identidade secreta era a de impostor — ou pular a sessão de votos e continuar as tarefas rotineiras.

O brilho nos olhos dela
Há, de fato, minuciosidades na gameplay que podem ser exploradas. O jogo abre margem para o desenvolvimento de estratégias, gestos e posturas para os jogadores. Não há forma "correta" de jogar; há, sim, o melhor meio para sair vivo, mas ninguém é obrigado a seguí-lo e é aí que mora a diversão.
Ande sozinho e morra repentinamente, sem deixar vestígio ou pistas, finalizando suas tarefas como um fantasma invisível. Ande em grupo e sofra uma morte dupla contra o par de impostores com boa sincronia. É uma vastidão de possibilidades e uma sexta-feira a noite agradece esses momentos.
O game carece de polimento, um filtro para os mini-games e de maior variedade de mapas — que podem ser dominados com certa facilidade e prejudicando os menos observadores. Ainda assim, há de termos paciência com o trio que compõe a equipe de desenvolvimento.

Among Us e Fall Guys mostram que há espaço para variedade de ideias, experiências e propostas. A pandemia pode ter os alavancado para as principais plataformas de streaming e no YouTube, mas o carinho e dedicação depositados nesses projetos demostram que há pessoas por aí guardando boas ideias e que precisam de empurrões para encontrarem seu lugar ao sol.
Há pouco mais de uma semana do momento da elaboração desta matéria, Among Us bateu seu recorde e acumulou cerca de 1.5 milhão de jogadores em todo o mundo. O game figura como terceiro título mais jogado da Steam, alcançando a marca de 180 mil players diários.
Among Us custa cerca de R$ 10 na Steam e é gratuito para celulares e tablets. Para adiantar, siga os links para Android e iOS. Aproveito a oportunidade para parabenizar a equipe InnerSloth pelo trabalho excepcional.
Keep on keeping on!
Braboo demais, ótimo texto para quem ta querendo conhecer um pouco mais da trajetória do game e como ele funciona.
QUENTISSIMO
Informações claras e concisas. Redator e jogo fodas